quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O QUE É A CIDADE DIGITAL?

André Lemos*

As cidades são sistemas complexos. Desde as primeiras necrópoles pré-históricas até as contemporâneas megalópoles, as cidades nascem, crescem e desenvolvem-se a partir de fatores sociais, culturais, políticos, tecnológicos. No século XVII, a ciência e a tecnologia tornam-se importantes para o desenvolvimento do espaço urbano. A era industrial que se inicia no século XVIII vai moldar a modernidade e criar uma urbanização planetária. Hoje, em pleno século XXI, as novas tecnologias de comunicação e informação imprimem novas marcas ao urbano. As cidades digitais são as cidades da globalização, onde as redes telemáticas fazem parte da vida quotidiana e constituem-se como a infra-estrutura básica e hegemônica da época.

O termo Cidade Digital (ou Cibercidade) abrange quatro tipos de experiências que relacionam cidades e novas tecnologias de comunicação. Em primeiro lugar, e parece ter sido essa a origem do termo, entende-se por Cidade Digital projetos governamentais, privados e/ou da sociedade civil que visam criar uma representação na web de um determinado lugar. Cidade Digital é aqui um portal com informações gerais e serviços, comunidades virtuais e representação política sobre uma determinada área urbana. Um dos projetos pioneiros foi “De Digitale Stad”, da cidade de Amsterdã, criado em 1994 por uma organização civil hoje transformada em entidade de utilidade pública.

Entende-se, em segundo lugar, por Cidade Digital, a criação de infra-estrutura, serviços e acesso público em uma determinada área urbana para o uso das novas tecnologias e redes telemáticas. O objetivo é criar interfaces entre o espaço eletrônico e o espaço físico através de oferecimento de teleportos, telecentros, quiosques multimídia e áreas de acesso e serviços. Há inúmeras iniciativas no Brasil. O Ministério das Comunicações elaborou um Plano Nacional de Cidades Digitais para levar banda larga a todo o país. O objetivo é articular ações de inclusão digital, levando acesso à internet para toda a população em cinco anos.

Um terceiro tipo de Cidade Digital refere-se a modelagens 3D a partir de Sistemas de Informação Espacial (SIS, spacial information system e GIS, geographic information system) para criação de simulação de espaços urbanos. Esses modelos são chamados de “CyberCity SIS” e são sistemas informatizados utilizados para visualizar e processar dados espaciais de cidades. As simulações ajudam no planejamento e gestão do espaço, servindo como instrumento estratégico do urbanismo contemporâneo.

A quarta categoria, que podemos chamar de “metafórica”, é formada por projetos que não representam um espaço urbano real. Estes projetos são chamados por alguns autores de “non-grounded cybercities”, cidades não enraizadas em espaços urbanos reais. Essas Cidades Digitais são sites que criam comunidades virtuais (fóruns, chats, news, etc.) utilizando a metáfora de uma cidade para a organização do acesso e da navegação pelas informações. Nesse caso, não há uma cidade real, como por exemplo “Twin Worlds”, “V-Chat”, “DigitalEE” ou o popular “Second Life”.

Brasil acompanha a tendência mundial

Atualmente, as tecnologias e redes sem fio imprimem novas transformações sociais (redes de sociabilidade por SMS, micro-blogging), novas práticas culturais (acesso e consumo da informação em mobilidade) e novos desenhos no espaço urbano (zonas de acesso para Wi-Fi e celular, navegação por GPS, mapeamento, geolocalização). As cidades entram na era da computação ubíqua, embarcada, móvel. Exemplos dessa nova estrutura de conexão podem ser encontrados em várias cidades. No Brasil estão sendo implementados projetos de redes sem fio em Almerin (PA), Belo Horizonte (MG), Ouro Preto (MG), Parintins (AM), Piraí (RJ), Sud Menucci (SP), entre outras. Podemos dizer que o Brasil tem acompanhado a tendência mundial, já que encontramos as quatro categorias no país (portais governamentais, telecentros, redes wi-fi, GIS, Second Life...).

As metrópoles são hoje cidades “desplugadas”, ambientes de conexão envolvendo o usuário em mobilidade, interligando máquinas, pessoas e objetos no espaço urbano. Os lugares tradicionais, como ruas, praças, avenidas estão, pouco a pouco, transformando-se com as novas práticas socioculturais de acesso e controle da informação. A máxima que reza que o ciberespaço desconecta-se do espaço físico não se sustenta atualmente. A cidade contemporânea caminha para se transformar em um lugar de conexão permanente, ubíquo, permitindo trocas de informação em mobilidade criando “territórios informacionais”.

Em todas as acepções do termo, fica evidente que por Cidade Digital não podemos pensar em um espaço abstrato na Internet. Devemos compreendê-la como uma nova dimensão do urbano, e não como uma “outra” cidade, como um espaço “virtual” ou como uma “cidade na internet”. Trata-se efetivamente de uma reorganização das cidades existentes, fruto da nova relação entre o espaço urbano (e suas práticas) e as tecnologias digitais de informação e comunicação. Cidades Digitais são as aquelas em que a interface de redes e tecnologias informacionais com o espaço urbano já é uma realidade.

O objetivo maior dessa nova infra-estrutura é promover o vínculo social, a inclusão digital, democratizar o acesso à informação, produzir dados para a gestão do espaço, aquecer as atividades políticas, culturais e econômicas e reforçar a dimensão pública. O desafio é criar formas de comunicação e de uso do espaço físico, favorecer a apropriação social das novas tecnologias e fortalecer a democracia com experiências de governo eletrônico e cibercidadania. A atual revolução na infra-estrutura urbana é uma das mais fundamentais mudanças no desenvolvimento das redes urbanas desde o começo do século passado.

* André Lemos (alemos@ufba.br) é professor associado da Facom/UFBa, coordenador do Grupo de Pesquisa em Cibercidade (GPC/Facom-UFBA, credenciado pelo CNPq), consultor da Fapesp, CNPq e CAPES. Mais informação em http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/andrelemos

Nota: uma versão desse texto foi publicado como Verbete do "Critical Dictionary of Globalisations", disponível no site do Groupe d'Etudes et de Recherches sur les Mondalisations, in www.mondialisations.org, 2006.

Texto publicado no Guia das Cidades Digitais

sábado, 10 de dezembro de 2011

BLOGUEIROS FAZEM MOBILIZAÇÃO POR INTERNET GRATUITA E ORGANIZAM EVENTO

Os blogueiros, usuários das redes sociais e internautas em geral promoverão dos dia 11 ao dia 17 de dezembro uma semana de mobilização pela implantação do projeto Cidade Digital em todo o Alto Tietê. Para finalizar a campanha, será realizado um debate e uma festa de confraternização na cidade de Poá.

A internet hoje se constitui num canal que possibilita a produção e difusão conhecimento, compartilhamento de documentos, vídeos, textos e, principalmente, democratiza o acesso às informações. Antes, as pessoas, que eram apenas agentes passivos diante de uma televisão, hoje podem participar ativamente na criação de conteúdos. Mas para que ocorra este processo, é fundamental o Poder Público investir na instalação de redes públicas de internet.

O projeto Cidade Digital basicamente é essa disponibilização do acesso a internet, de forma livre, gratuita, sem amarras burocráticas, para acesso da população em todo o território dos municípios. Rio Claro (SP), São José (SC) e Pitangueiras (PR) são exemplos de cidades que já investem no programa.

A instalação deste programa se constitui também em levar modernização para a gestão pública municipal e oferecer um novo e rápido canal de diálogo para participação dos cidadãos. É a democratização do acesso à administração através de serviços, facilidades e meios em que poderão ser efetuadas sugestões e reclamações.

O Alto Tietê, importante região do Estado, pode ser pioneira nesse investimento. Os usuários farão essa mobilização para que as prefeituras, o CONDEMAT, a ACAT, a ADRAT e as instituições que buscam o desenvolvimento da região se posicionem diante dessa exigência pública

A internet tem de ser vista também como um direito universal e os usuários não podem depender apenas do escasso e ruim serviço prestado pelas concessionárias. Está na hora de agir e os blogueiros e usuários de redes sociais vão cobrar.

Durante toda a semana do dia 11 ao dia 17 de dezembro serão publicados e compartilhados textos nos blogs da região sobre o assunto. Em todos os dias o usuários farão tuitaço com a hastag #XXXX e irão publicar textos e fotos no facebook sobre o tema.

Para finalizar a campanha, será realizado um debate no qual os convidados irão tratar do tema da mobilização e farão balanço das atividades de blogueiros em todo o país. Após isso, será realizada uma Confraternização com direito a música ao vivo.

Informações e inscrições em www.blogsdoaltotiete.blogspot.com

Tuitaço

Ação coletiva na rede social twitter com a intenção de promover um termo, divulgar ao maior número de pessoas com o intuito de sensibilizar alguém sobre determinado assunto ou ação.

Hastag

“O símbolo #, conhecido no Twitter como marcador ou hashtag, é usado para marcar palavras-chave ou tópicos relacionados a uma discussão ou conversa em um Tweet. Foi criado organicamente pelos usuários do Twitter como uma forma de categoriazar mensagens.
As pessoas usam um marcador colocando o símbolo # antes de palavras-chave nos seus Tweets para categorizá-los e para aparecerem mais facilmente nas buscas do Twitter
Ao clicar em um marcador em qualquer mensagem, mostrará todos os outros Tweets nesta categoria (que possuem o mesmo marcador)
Marcadores podem ser colocados em qualquer lugar em um Tweet (Fonte, Twitter)

Blogagem Coletiva

Divulgação de textos nos blogs dos participantes, em um período de tempo delimitado, com o assunto promovido em determinada campanha. Serve para ampliar o debate ao maior número possível de pessoas e sensibilizar os agentes e leitores sobre determinada campanha.

Acesse

www.twitter.com/blogueirosat
www.facebook.com/blogueirosat

Obs: As inscrições são limitadas

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011


NOTA DO BLOGUEIROSAT SOBRE O FALECIMENTO DO ALE ROCHA

Não há palavras quando um companheiro parte, provavelmente deveria nada dizer, mas é preciso extravasar um pouco a dor. Hoje, celebramos este dia com bandeira hasteada a meio pau. Ontem, pela manhã, faleceu o blogueiro Alê Rocha, que escrevia sobre televisão para o Yahoo.

Ele soube como ninguém, com alegria, generosidade, força, coragem e tenacidade recusar os “nãos” que a sua saúde lhe impôs! Foi um guerreiro! Muito fez, muito iria fazer, muita falta fará.

Aos familiares e amigos, deixamos um abraço de amizade e o sentido de sempre o termos bem presente no dia-a-dia da nossa memória e da nossa militância para uma rede cada vez mais democrática e livre no Alto Tietê e em todo nosso país.

Que o exemplo de sua criticidade apurada e persistência inspirem outros blogueiros. Saudades.

#blogueirosAT 
07 de dezembro de 2011